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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Dossiê Cupcake 26/10/2010 por bonscostumes

Como o bolinho americano virou moda no Brasil

Tendências estão muito além do closet e chegam até nossa mesa, elas surgem a partir dos comportamentos de consumo e desejo, para atender uma demanda significativa. Um fenômeno mundial, que pode ser visto em São Paulo, é o da revalorização dos produtos de panificação – o negócio das padarias cresce e se refina cada vez mais. Até há pouco tempo esquecida, a confeitaria vai pelo mesmo caminho de sucesso. Este retorno tem causas profundas: está ligado diretamente ao aumento de qualidade de vida, a uma busca por reencontrar o prazer do alimento manufaturado e que remete a um passado mais acolhedor, em resposta a impessoalidade da comida industrializada e de preparo rápido dos dias de hoje.

Cada vez mais a confeitaria tem alcançado no Brasil status gastronômico elevado, já tendo sido alavancada pela sofisticação dos tradicionais bem-casados de origem portuguesa e os macarons franceses, ambos especialmente solicitados por casamentos modernos. Agora é a vez dos cupcakes, vindos dos Estados Unidos, que ganharam não apenas os salões matrimoniais, mas também as ruas de grandes capitais, além da Internet, revolucionando a vida de profissionais e consumidores.

No caso específico dos pequenos bolos decorados, seu sucesso especialmente nas grandes cidades também pode estar ligado a individualização. Com os cupcakes seria possível, por exemplo, que cada um de uma turma de amigos escolhesse o sabor que mais gosta, sem ficarem presos à um único sabor de um bolo tradicional, grande, que certamente irá agradar mais uns que outros. Também se torna mais interessante aos que moram sozinhos comprar um mini-bolo que o sacie do que um em tamanho normal.

História e moda

Datam do final do século XVIII os primeiros registros de bolos assados dentro de xícaras no Estados Unidos, mas o cupcake tal qual conhecemos hoje se popularizaram definitivamente nos anos 1950. Atualmente assados em forminhas de papel ou de alumínio, o tamanho se mantêm próximo ao de uma xícara de chá. O nome que recebe na Inglaterra, “fairy cake” (bolo de fadas), também se refere a seu tamanho que seria uma versão reduzida dos bolos grandes, para ser consumido numa festa de pequenas fadas – esse caráter lúdico e infantil também é marca de um dos principais estilos de consumidores.

Esquecido ou relegado a segundo plano das confeitarias, foi na segunda metade dos anos 1990 em Nova York que os cupcakes voltaram com força total com a Magnolia Bakery, doceria hoje famosa no mundo todo por seus bolinhos. Apesar de seu ar caseiro, o cupcake tem muito a ver com grandes cidades pelos motivos já avaliados. Trendsetters (os formadores de tendências) notaram isso e a consagração do cupcake como objeto de desejo de antenados aconteceu quando Carrie Bradshaw, personagem ícone de Sarah Jessica Parker no seriado “Sex and The City”, demonstrou seu amor pelo doce, sempre da Magnolia Bakery – que foi transformada em verdadeira grife de cupcakes. A famosa loja novaiorquina apareceria ainda no blockbuster “O Diabo Veste Prada”: estava lançada a moda.

O sucesso do cupcake nos Estados Unidos é tamanho que gera estudos sobre seu impacto econômico e social – lojas especializadas são apontadas como atrações de bairros valorizados com suas presenças. Na atual temporada a televisão americana estreou dois programas do tipo reality show com o cupcake como tema: “DC Cupcakes”, sobre uma pequena loja em Washington, e “Cupcake Wars” onde cake-designers – como são chamados os especialistas em decorar bolos – disputam um prêmio de 10 Mil Dólares pelo cupcake mais bonito ou inusitado.

Desembarque no Brasil

Principal consumidor das novidades em confeitaria, foi o mercado de casamento um dos primeiros a apostar no cupcake no Brasil. Seja como complemento ou mesmo substituindo o bolo – agora cenográfico -, o cupcake logo passou a encabeçar a lista de guloseimas pedidas pelas noivas modernas que vêem no bolinho uma forma de aliar a imagem romântica com algo ligado à moda e antenado com o mundo. Jovens meninas encantadas com a delicadeza do doce e com predisposição para formar uma espécie de fã-clube de cupcakes na internet, assim como mulheres maduras solteiras e estilosas como Carrie Bradshaw, ajudaram a popularizar os cupcakes por aqui e criaram uma demanda por consumi-los fora dos buffets de casamento.

Começou então uma onda de cupcake, protagonizada principalmente na rede, onde trocas de informações, receitas e fotos aguçou a criatividade e talento de muita gente do ramo dos doces que passou a se especializar nos bolinhos ou aventureiros que se revelaram doceiros talentosos, e formaram um mercado até bem recentemente quase que totalmente instalado na internet com lojas virtuais e pedidos sob encomenda. Logo surgiu a versão mais brasileira do cupcake, onde as esculturais e populares coberturas de pasta americana dão lugar de destaque aos cremes e ganaches que abusam da criatividade com nossos ingredientes. Também nos destacamos pelo uso de recheios. Em comum, a massa aerada que caracteriza um delicioso cupcake.

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